quarta-feira, 6 de junho de 2012


                                                                 

                                          Imagem  :Stéfphane  Bulan


                                                          O Artista

         Um dia, despertou-lhe na alma o desejo de esculpir uma estátua do Prazer que dura um instante. E partiu pelo mundo à procura do bronze, porque ele só podia trabalhar o bronze. Mas todo o bronze existente no mundo havia desaparecido e em nenhuma parte o metal seria encontrado, a não ser na estátua da Dor que é permanente.
         E  fora ele que, com as próprias mãos, fundira essa estátua, erigindo-a no túmulo de alguém a quem muito amara na vida. E na tumba da morta, que tanto amara, colocou a própria criação, como um símbolo do amor masculino, que é imortal, e a dor humana, que dura a vida inteira.
         E em todo o mundo não havia bronze, a não ser o dessa estátua.
     Ele, então, retirou a estátua que moldara pô-la num grande forno, deixando-a derreter-se.
         E com o bronze da estátua da Dor que é permanente, fundiu a do Prazer que dura um instante.

                                                                                     Oscar Wilde
                                                                                                                                    


          

3 comentários:

  1. Querido amigo
    Sei que minha mais recente postagem decepcionou meus colegas e seguidores
    Diria que fora um momento de desencanto...
    Ao entrar aqui, deparo-me com a rosa e uma frase do Principezinho e emociono-me
    Realmente não conseguiremos sem os sonhos, sem as flores, sem as estrelas
    Gostaria que visitasse minha próxima postagem
    Obrigada por seu comentário
    É impossivel deixar o principezinho sozinho no deserto, seria morrer por dentro...
    Um abraço Poético!
    Estou de volta ao jardim da poesia!!!
    Aliás, nunca sai dele

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  2. è mesmo assim - o przer é tão volátil... tão efêmero, mas quem não o quer?
    Gostei da dicotomia apresentada por Wilde neste excerto. Um grande abraço.

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  3. Oscar Wilde é um gênio louco como todos os gênios o são, pois a sensibilidade extrema do artista o deixa no limiar da insanidade.
    Abraço Aureliano!

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