POESIA
E PROSA
JOSÉ PAULO PAES
Pode-se escrever em prosa ou em
verso.
Quando se escreve em prosa, a gente
enche a linha do caderno até o fim,
antes de passar para a outra linha.
E assim por diante até o fim da
página.
Em poesia não: a gente muda de linha
antes do fim, deixando um espaço em branco antes de ir para a linha seguinte.
Essas linhas incompletas se chamam
de versos.
Acho que o espaço em branco é para o
leitor poder ficar pensando.
Pensando bem no que o poeta acabou
de dizer.
Algumas vezes, lendo um verso, a
gente tem de voltar aos versos de trás
para entender melhor o que ele quer
dizer.
Principalmente quando há uma rima,
isto é, uma palavra com o mesmo som
de outra lida há pouco.
Então a gente vai procurá-la para
ver se é isso mesmo.
A prosa é como trem, vai sempre em
frente.
A poesia é como o pêndulo dos
relógios de parede de antigamente,
que ficava balançando de um lado
para outro.
Embora balançasse sempre no mesmo
lugar,
o pêndulo não marcava sempre a mesma
hora.
Avançava de minuto a minuto,
registrando a passagem das horas: 1,
2, 3, até 12.
Também a poesia vai marcando,
na passagem da vida, cada minuto
importante dela.
De tanto ir e vir de um verso a
outro,
de uma rima a outra,
a gente acaba decorando um poema e
guardando-o na memória.
E quando vê acontecer alguma coisa
parecida
com um poema que já leu, a gente
logo se recorda dele.
Geralmente, a prosa entra por um
ouvido e sai pelo outro.
A poesia, não: entra pelo ouvido e
fica no coração.
PAES, José Paulo. Vejam como eu sei escrever. São Paulo:
Ática, 2008. P. 16-19.
Lindo! Concordo com vc. Deixo um beijo.
ResponderExcluirai mano eu to fazendo um dever sobre este poema
ResponderExcluireu tbm achei este poema lindo
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