Poema Circense
Atirei meu coração às areias do circo como se atira ao mar uma
âncora aflita. Ninguém bateu palmas. O trapezista sorriu,
o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou
de minha sombra fatídica.
Só a pequena bailarina compreendeu. Em suas mãos de opala,
meu coração refletia as nuvens de outono, os jogos de
infância, as vozes populares.
Depois de muitas quedas, aprendi. Sei agora me vestir com
razoável destreza, os risos da hiena, a frágil polidez dos
elefantes, a elegância marinha dos corcéis.
Todavia, quando as luzes se apagam, readquiro antigos poderes
e voo. Voo para um mundo sem espelhos falsos, onde o sol
devolve a cada coisa a sombra natural e onde não há aplausos,
porque tudo é justo , porque tudo é bom.
José Paulo Paes. Quem , eu?. São Paulo: Atual, 1996. p. 47.
Professor Aureliano, tive aula de língua portuguesa com você em 1996. Estava lendo 100 anos de solidão e lembrei por causa do coronel com mesmo nome e acabei chegando no seu blog. Feliz em ver o conteúdo e por te reencontrar aqui. Abraços, Diogo
ResponderExcluirObrigado, Diogo pela sua visita e pela sua lembrança o que, certamente, alegra o coração . Abraço!
ExcluirCaro Aureliano....
ResponderExcluirSempre, sempre.... alguém vê encanto no poema, na música, no indivíduo... nada passa desapercebido... e tudo, tudo fala comigo!
Abraço!
Regina, agradeço-lhe a visita. Bela reflexão. Abraço!
ResponderExcluirPor onde anda o poeta???? reginaperonn (insta)
ResponderExcluirAuf diesem Niveau schlägt die Pierre Lannier Damenuhr voll zu! Erhältlich in verschiedenen Konfigurationen mit rundem, quadratischem oder sogar rechteckigem Gehäuse, offenbart es sich in verschiedenen Ästhetiken, die Sie nicht gleichgültig lassen werden.
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