O valioso tempo dos maduros
Contei meus anos e descobri
que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do
que futuro.
Sinto-me como aquele menino
que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas
percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para
lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos
inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para
conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que
nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de
pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de
desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem
conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia,
quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus
tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de
verdade.
O essencial faz a vida valer
a pena.
E para mim, basta o
essencial!
(Ricardo Gondim)
Ricardo Gondim Rodrigues é teólogo brasileiro,
pastor progressista, presidente nacional da Igreja Betesda, sediada em São
Paulo, presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos,
conferencista. Tem programa de rádio e é colunista de vários veículos de
comunicação. É autor premiado de vários livros e artigos polêmicos.
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