Tempo-eternidade
O instante é tudo para mim que ausente
do segredo que os dias encadeia
me abismo na canção que pastoreia
as infinitas nuvens do presente.
Pobre de tempo fico transparente
à luz desta canção que me rodeia
como se a carne se fizesse alheia
à nossa opacidade descontente.
Nos meus olhos o tempo é uma cegueira
e a minha eternidade uma bandeira
aberta em céu azul de solidões.
Sem margens sem destino sem história
o tempo que se esvai é minha glória
e o susto de minh´alma sem razões.
PAES, José Paulo. Poesia completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Imagem : menino lua - Vnt
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