Névoas
À frente a lua, atrás os sonhos,
qual a distância a
percorrer?
Não a suspeitam
nossos olhos:
a bruma sobe das
estradas
e desorienta homens e
bússolas.
Mesmo que voássemos bem alto,
e os céus se abrissem
para nós,
nem mesmo assim
divisaríamos
os frutos rubros que
buscamos
pelos pomares das
estrelas.
Como condores, fronte a pino,
cortando os ares meio
tontos,
em vez de dar com o
rumo certo
cairíamos na terra
cega,
ruiríamos no mar
opaco.
Este é o castigo que nos deram:
imaginar com vista
ousada,
porém achar grossas
neblinas
fechando o mundo que
buscamos
por tê-lo visto em
pensamento.
E assim deixamos para trás
os sonhos, deuses
compassivos:
sem os podermos
contemplar
olhamos como um
branco enigma
- nevoentos, zonzos
os caminhos –
somente a lua à nossa frente.
Péricles Eugênio da Silva Ramos
in A Noite da Memória
Péricles Eugênio da Silva Ramos (Lorena, 1919 — São Paulo,
1992) foi um poeta, tradutor, ensaísta, crítico literário e professor
brasileiro.
Imagem:
https://www.google.com.br/searchq=p%C3%A9ricles+eug%C3%AAnio+da+silva+ramos&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=042UYavPOyu0AGb3oC4AQ&ved=0CDEQsAQ&biw=1280&bih=548
Um linda poesia. Um abraço!
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