sábado, 6 de outubro de 2012


                                                         
                                                                  Embriaguem-se

                É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
                Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
                E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao  vento, à vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: “É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso” Com vinho, poesia ou virtude, a escolher”.
                                                                                      Charles Baudelaire

                                                                                                                  Extraído do site Nox in Vitro

Um comentário:

  1. Muito lindo! Nos embriaguemos de poesia, de boas palavras, boas companhias, bons sentimentos, de tudo o que nos fizer valer a vida.
    Beijos, amigo,
    Valéria

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