sábado, 4 de fevereiro de 2012

Gustave Caillebotte - 1848-1894

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa,...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!

                                 Mário de Andrade (1893-1945)


6 comentários:

  1. Mario de Andrade sempre escrevia o cotidiano das pessoas de forma profunda e ao mesmo tempo tão simples. Adoro.
    Abraços

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  2. FANTASTICOOOOO!
    Que maturidade, que senso de realidade, nestas preciosas palavras.
    Também, a um bom tempo... já não tenho mais tempo para futilidades, superficialidades, aprecio intensamente a essência de tudo e todos, ao menos tento o mais que posso viver minha vida assim.
    Beijos, feliz semana amigo.
    Valéria

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  3. Estamos afinados Aureliano
    também li Mário de Andrade e me inspirei numas nuvens rs
    Ah essa maturidade! acrescenta tanta coisa boa e subtrai outras tantas! O bom mesmo é usar das palavras do poeta e crer que " basta o essencial..."
    bonita escolha.
    um bom abraço

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  4. Bom dia, querido amigo Aureliano.

    Eu também...
    Sempre detestei as disputas do cotidiano, e agora sinto-me cansada delas.
    Acho que o tempo que tenho é para praticar em mim, o desapego de tudo que amo nesse planeta.

    Tenha uma linda semana de paz.

    Beijos.

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  5. Olá meu querido
    Que texto bonito!
    Desculpe minha ausência
    Estou aqui para agradecer as visitas e comentários
    Um abraço Poético!
    Volte sempre

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  6. Obrigado querido pela visita e sua postagem, estou te seguindo nos seus dois blogs.

    Abraços e fik com DEUS.

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