Álvares de Azevedo: "Se eu morresse amanhã"
Se eu
morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse
amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse
amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse
amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia da glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse
amanhã!
AZEVEDO, Álvares de. "Se eu morresse amanhã". In:
BARBOSA, Frederico. Cinco séculos de poesia. Antologia da poesia clássica
brasileira. São Paulo: Landy, 2003.