Tenho medo
de me ir
sem sorrisos,
caminhar a esmo
por uma vereda
desconhecida.
Medo de descompassar
a alegria,
transformar em agonia
a esperança de todo dia.
Medo de me esquecer
dos sonhos, que ainda
povoam-me o imaginário
e me fazem prosseguir
nos dias e noites.
dos sonhos, que ainda
povoam-me o imaginário
e me fazem prosseguir
nos dias e noites.
Medo de invadir-me
o silêncio...
o silêncio...
E a voz , num resguardo
sussurrante,
abafar os dizíveis sentimentos.
Tenho medo
de me ir assim
com desagravos de viver,
longe do teu olhar,
sem a tua proteção,
sem o conforto que me dás
por meio de teus cuidados,
afáveis,maternos, etéreos
de tantos anos .
Aureliano
Imagem : Gustave Cailebotte